Saindo do piloto automático
Paz seja convosco.
Irmãos, existe um conceito na psicologia que os especialistas chamam de “piloto automático”.
São decisões que o nosso inconsciente aciona sempre que necessitamos.
Isso é baseado nos nossos padrões de comportamento, crenças, valores e emoções. Por isso é costumeiro se dizer, por exemplo, que quem aprende a andar de bicicleta uma vez, nunca mais esquece. Isso ocorre porque esta memória fica armazenada no nosso cérebro, e sempre que necessário, podemos fazer uso dela.
Os cientistas mostram que a maioria de nossas decisões, ações, emoções e comportamentos dependem de 95% da atividade do cérebro que está além de nossa consciência. Ou seja, isso significa que de 95 a 99% das ações que tomamos em nossa vida vem da programação que está em nossa mente inconsciente. Assim, na maioria do tempo, fazemos as coisas da maneira que já estamos programados (ou habituados) a fazer.
O que trago para reflexão é: se é desta maneira em nosso corpo físico, em nossa vida espiritual, passamos pela mesma situação?
Quantas pessoas hoje estão servindo a Deus no piloto automático?! Quantos de nós está acostumado com as mesmas atitudes, o mesmo comportamento na casa de Deus. É como se o nosso comportamento fosse mecânico, e assim sempre funciona do mesmo jeito. Todo procedimento repetitivo gera um hábito.
Vejamos: em sua casa, se nada for mudado — o lugar dos móveis, por exemplo — você entrará e sairá sem se dar conta da forma como as coisas estão postas. Há pessoas que frequentam a igreja (ou igrejas) por hábito.
Vamos a igreja todos os sábados, nas festividades, na Lua Nova etc.
Todo sábado é rotina estar no templo, exercer atividades no culto, conversar com os mesmos irmãos e retornar para casa, até que chegue a próxima “rotina”. Achamos que estamos fazendo a “nossa parte”.
Esse hábito abre as portas do esfriamento espiritual.
E o que estou questionando aqui, é se a nossa vida espiritual não caiu nessa rotina.
Vemos hoje tantas pessoas enfraquecidas espiritualmente, e o apóstolo Paulo falou sobre os que estão doentes e que dormem (1 Co 11:30). A Palavra de Deus determina: “Não extingais o Espírito” (I Ts 5: 19). E esse processo de extinguir o Espírito Santo em nossas vidas é lento e gradativo. Quando entramos no piloto automático, acabamos por fazer as coisas para Deus como uma rotina, um costume e esquecemos que o verdadeiro servo de Deus deve viver em novidade de vida (Rm 6:4).
Por isso Deus disse ao profeta Jeremias: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jer 33:3).
Deus tem coisas para nós que ainda não conhecemos, que ainda não experimentamos em nossas vidas! Mas se cairmos na rotina, e deixarmos nossa comunhão com Deus se esfriar, então estaremos fadados ao desfalecimento espiritual, nos tornando vulneráveis à ação do nosso adversário, que está “procurando a quem possa tragar” (1 Pe 5:8).
Quando o Eterno envia as cartas as igrejas da Ásia através do Anjo, ele descreve o estado espiritual de cada uma delas, e o Anjo demonstra que havia um comportamento rotineiro que implicou em sérios problemas que foram expostos pelo Senhor:
– Para a igreja de Éfeso, uma recomendação: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2:4). Aquela igreja já estava habituada, seu primeiro amor já havia caído no esquecimento; por isso, esfriara.
– Para a igreja de Pérgamo, uma ameaça de interferência direta contra os homens errados que lá estavam (Ap 2:16) – “Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca”. Onde há erro diante da Palavra de Deus o fogo do Espírito se extingue, e as pessoas se acostumam com a situação.
– Para a igreja de Tiatira uma repreensão pela tolerância do pecado e a ameaça de castigo. (Ap 2: 23) – “Matareis os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras”.
Para a igreja de Sardes, a constatação de que está morta (Ap 3: 1) – “Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto”. Não há vida fervente na morte. É quando a frieza chega ao seu ápice.
– Para a igreja de Laodicéia a repreensão por causa da frieza, “sua mornidão” (Ap 3: 14-16) – “Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
Aquelas igrejas estavam acomodadas, acostumadas com sua situação, tal como muitos de nós muitas vezes nos encontramos. O hábito opõe-se ao novo, ao apreciável; e o crente deve ter vida nova, renovada, porque as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã (Lm 3: 22-23). Deus é Deus de coisas novas.
Paulo, na Segunda Carta aos Coríntios, 5: 17, diz que quem está em Mashiach é nova criatura. Hebreus 10: 20, fala do novo e vivo caminho.
Se pararmos para refletir, até nossa adoração, muitas vezes, acaba no “piloto automático”! Não espere o pregador ou ministro de louvor pedir para você levantar as mãos e adorar a Deus, por exemplo. A nossa adoração deve ser espontânea diante do Senhor. Peça ao Senhor que lhe dê um cântico novo, como o salmista não se cansa de falar (Sl 96: 1; 149: 1).
Convido a todos os irmãos para olhar para o seu interior, e verificar se não é essa a nossa condição espiritual.
Já está na hora de sairmos do piloto automático e vivermos com autenticidade o fervor de genuíno evangelho, pois Deus tem muitas maravilhas para realizar em nossas vidas, e com certeza o melhor de Deus ainda está por vir! Deus abençoe a todos.